Prestação de contas: superávit e embates políticos marcam audiência de Sandro Mabel na Câmara
A Prefeitura de Goiânia apresentou nesta quinta-feira (2/10) a prestação de contas referente ao segundo quadrimestre de 2025, em audiência pública na Comissão Mista da Câmara Municipal. Os números revelaram um superávit primário de R$ 678 milhões, o melhor resultado em cinco anos. Apesar do cenário positivo nas finanças, a sessão foi marcada por atritos políticos e pela saída antecipada do prefeito Sandro Mabel (UB) do plenário.
Balanço fiscal
Segundo a Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz), a receita total do período alcançou R$ 6,6 bilhões, representando alta de 12% em relação a 2024. O crescimento foi impulsionado por impostos como ISS, que subiu 14% com a retomada da economia local, além do ITBI (10%) e IPTU.
Do lado das despesas, houve queda de 10,57%, com gastos municipais de R$ 5,9 bilhões entre janeiro e agosto de 2025, contra R$ 6,2 bilhões no mesmo período de 2024. A despesa com pessoal caiu para 46,35% da Receita Corrente Líquida, abaixo do limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal, permitindo reajuste de 4,83% aos servidores.
O secretário Valdivino de Oliveira destacou que o decreto de calamidade financeira decretado no início da gestão teve efeito pedagógico, impondo disciplina aos gastos. Segundo ele, “a gestão transformou uma prefeitura deficitária em superavitária” e projeta recuperar a nota A da Capacidade de Pagamento (CAPAG), essencial para atrair financiamentos, até o fim do ano.
Conflito político
Apesar dos resultados positivos, a audiência foi marcada por tensão. O prefeito pediu desculpas por declarações anteriores em que criticou vereadores, mas deixou o plenário antes do fim, delegando aos secretários a tarefa de responder às perguntas. A atitude gerou nova insatisfação entre parlamentares, que já haviam aprovado uma nota de repúdio às falas de Mabel no início da semana.
Entre as críticas, os vereadores Cabo Sena (PRD) e Lucas Vergílio (MDB) afirmaram que o posicionamento do prefeito “dificulta a relação com a Câmara”. Já aliados como Ronilson Reis (SD) e Rose Cruvinel (UB) defenderam o gestor, reforçando que ele cumpria agenda de compromissos previamente marcada.
A prestação de contas evidenciou avanços na gestão fiscal de Goiânia, com aumento da arrecadação própria, contenção de gastos e o maior superávit da história recente do município. No entanto, o cenário político segue instável: os embates entre Executivo e Legislativo revelam que, mesmo com as contas em ordem, a governabilidade de Sandro Mabel enfrenta desafios que podem comprometer a tramitação de projetos estratégicos para a capital.