Mabel evita falar sobre liderança na Câmara e manda recado à base: “Se embirraram, quem perde é a cidade”

Em meio à crise política provocada pela instalação da Comissão Especial de Inquérito (CEI) do LimpaGyn, o prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), tentou adotar tom conciliador nesta terça-feira (5), mas mandou um recado direto à sua base aliada na Câmara Municipal. Questionado sobre a possível substituição do líder do governo, vereador Igor Franco (MDB), o prefeito despistou e disse manter “boa relação” com os parlamentares. A declaração foi feita durante o lançamento do Projeto Eco Escolas, na capital.

“A relação está boa”, afirmou Mabel. “A relação com a Câmara sempre tem os seus problemas, mas a nossa visão é a seguinte: eu não tenho nenhum projeto que vá beneficiar alguém especificamente ou que seja estranho. Todos os projetos que enviamos foram para beneficiar a cidade”, completou.

Sem responder diretamente sobre mudanças na liderança, o prefeito aproveitou para advertir os aliados: “Se forem embirrar com alguma coisa e não aprovarem, não vão deixar de aprovar algo para mim, mas para a cidade”.

Baixa presença e clima de tensão

O evento contou com a presença apenas dos vereadores Tião Peixoto (PSDB) e Pedro Azulão Jr. (MDB), o que reforça o distanciamento crescente entre Mabel e sua base. A ausência de parlamentares tem sido recorrente na agenda pública do prefeito, que enfrenta dificuldades em conter os desgastes provocados pela CEI que apura irregularidades no Consórcio LimpaGyn.

Mais tarde, o prefeito se reúne com os 16 vereadores que assinaram a CEI. Nos bastidores, cresce a expectativa por uma eventual troca de liderança. O desconforto foi alimentado pelo fato de Igor Franco, atual líder do governo, ter assinado o requerimento de abertura da comissão.

Contratação temporária

Durante a entrevista, Mabel também sinalizou que pretende enviar à Câmara um novo projeto para facilitar a contratação de servidores temporários nas áreas da saúde e da educação. Segundo ele, a legislação atual impede contratações quando há servidores efetivos em licença, o que tem comprometido o funcionamento dos serviços públicos.

“Não adianta eu querer chamar concursados se já existe um professor efetivo afastado naquela vaga”, explicou. “Estamos trabalhando com o Sesi para fazer a checagem desses contratos, licenças e atestados. Também enviaremos um projeto que permita mais agilidade nesse processo”, concluiu.

O que está em jogo

A movimentação do prefeito ocorre em um momento delicado para sua gestão. A CEI do LimpaGyn colocou em xeque a articulação política do Paço e ameaça travar votações estratégicas na Câmara. A base cobra protagonismo, mudanças na interlocução com o Legislativo e mais transparência nas decisões do Executivo.

Agora, todos os olhos se voltam para o almoço no Paço Municipal, onde Mabel tentará conter o avanço da crise e evitar uma ruptura definitiva com a sua base de apoio.