
Lula critica Trump por tarifas contra o Brasil: “Não vamos nos curvar”
Por Redação | Com informações do The New York Times
Em entrevista concedida ao The New York Times, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil e afirmou que o país não aceitará imposições políticas travestidas de medidas econômicas. As declarações ocorrem a poucos dias da entrada em vigor das novas tarifas anunciadas pelo governo Trump, que devem atingir em cheio exportações brasileiras de aço, carne, suco de laranja, café e açaí.
Segundo Lula, as tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros são “punições políticas disfarçadas de medidas econômicas” e têm como pano de fundo desinformações espalhadas por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro junto ao governo norte-americano.
“Trump está ouvindo as pessoas erradas”
O presidente brasileiro acusou Donald Trump de estar sendo influenciado por setores da extrema direita brasileira, incluindo a família Bolsonaro. “Trump está ouvindo as pessoas erradas. Ele está sendo induzido ao erro por mentiras sobre o nosso sistema judicial e político”, afirmou Lula, referindo-se às acusações de que o Judiciário brasileiro estaria perseguindo Bolsonaro — uma narrativa que o governo norte-americano estaria usando para justificar a imposição de tarifas.
Reação do governo brasileiro
Lula disse que tentou, por meio do vice-presidente Geraldo Alckmin, abrir um canal de diálogo com a Casa Branca, mas que não houve disposição do outro lado. “Queremos conversar com os Estados Unidos como parceiros. Mas não vamos aceitar ameaças ou chantagens”, afirmou.
O presidente brasileiro também destacou que o país buscará alternativas comerciais, reforçando laços com a União Europeia, China e países do Sul Global. “O Brasil é soberano. Não nos curvaremos a pressões externas, ainda mais quando se baseiam em inverdades”, disse.
Impacto econômico
A entrada em vigor das tarifas no dia 1º de agosto preocupa o setor produtivo brasileiro. As exportações de produtos como carne, aço e suco de laranja para os EUA somam bilhões de dólares por ano. Empresários temem demissões e retração no setor industrial. Lula, porém, disse que o governo já prepara medidas de mitigação e ampliação de acordos com outros mercados.
Lula e a imagem internacional do Brasil
Durante a entrevista, Lula aproveitou para reforçar que o Brasil está comprometido com a democracia, a transparência institucional e a sustentabilidade. Ele afirmou que seu governo continuará combatendo a desinformação internacional sobre o país, inclusive em fóruns multilaterais.
“Estamos sendo atacados por aqueles que não aceitam nossa soberania, nossa democracia e nossa independência. Mas o Brasil não será refém de interesses eleitorais estrangeiros”, concluiu.
Contexto internacional
As tensões entre Brasil e EUA ocorrem num momento em que Trump intensifica sua política tarifária como ferramenta de pressão geopolítica. Além do Brasil, países como China, Coreia do Sul, Canadá e México também estão sendo afetados por aumentos significativos nas taxas de importação.
Enquanto isso, aliados de Trump na política norte-americana pressionam por medidas ainda mais duras contra países que, segundo eles, “não colaboram com os interesses estratégicos dos EUA”.