
Goiás registra aumento nos feminicídios, mesmo com queda geral da criminalidade
Apesar da redução dos índices gerais de criminalidade em Goiás no primeiro semestre de 2025, os feminicídios seguem em alta e preocupam autoridades e especialistas. Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-GO) mostram que o número de mulheres assassinadas por motivações de gênero subiu 10% no período, passando de 21 para 23 casos.
O aumento vai na contramão da tendência estadual de queda dos crimes violentos e destaca a persistência da violência doméstica e de gênero como problema estrutural. Em contrapartida, o histórico recente mostra uma redução de 23% em relação a 2018, quando o estado registrou 30 feminicídios.
Medidas protetivas aumentam, mas não freiam violência
De acordo com a Polícia Militar de Goiás, o número de medidas protetivas acompanhadas cresceu 30% em um ano, saltando de cerca de 95 mil para mais de 125 mil acompanhamentos. O dado mostra um esforço das forças de segurança para ampliar a proteção, mas também evidencia o alto número de mulheres em situação de risco.
A Polícia Civil também registrou aumento de 21% na abertura de inquéritos nas Delegacias da Mulher, além de um crescimento de 11% nos casos enviados à Justiça com autoria identificada.
Brasil tem recorde de feminicídios
A situação em Goiás reflete um cenário ainda mais alarmante no Brasil. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, o país teve 1.492 mortes de mulheres por feminicídio, o maior número já registrado. A média nacional é de quatro mulheres mortas por dia, com uma taxa de 1,4 por 100 mil habitantes.
Entre as vítimas, a maioria é formada por mulheres negras (63,6%) e jovens de 18 a 44 anos (70,5%). Os casos de feminicídio entre adolescentes cresceram 30,7%, e entre idosas, 20,7%. Em 97% dos crimes com autoria identificada, os agressores eram homens — principalmente companheiros ou ex-companheiros.
Como denunciar
Mulheres vítimas de violência podem procurar ajuda em hospitais, unidades de saúde, Centros de Referência Especializado da Assistência Social (Creas), Defensorias Públicas, Ministério Público e delegacias. As denúncias também podem ser feitas pelo Disque 180, pela Polícia Militar (190) ou no site da Polícia Civil.