Inteligência artificial mostra potencial para detectar depressão e risco de suicídio, aponta estudo

Modelos avançados de linguagem, como o ChatGPT e o Gemini, demonstram potencial para identificar sinais de depressão e risco de suicídio em pacientes já em tratamento psiquiátrico. A constatação é de um estudo publicado na revista científica JAMA Open Network, realizado por pesquisadores da Coreia do Sul.

A pesquisa analisou os dados de 1.064 pacientes entre 18 e 39 anos, submetidos a testes de autoavaliação e exercícios com frases incompletas — método em que os pacientes completam sentenças com respostas espontâneas, revelando aspectos subjetivos de sua personalidade, emoções e relações.

Essas informações foram processadas por modelos de inteligência artificial como o GPT-4 (OpenAI), Gemini 1.0 Pro e o Google DeepMind, além de sistemas chamados “embeddings”, que transformam o texto em vetores matemáticos para análise mais precisa. Os resultados indicam que a IA pode, de fato, auxiliar na detecção de riscos à saúde mental com base em dados narrativos.

“Esses modelos mostraram seu potencial na avaliação de riscos psiquiátricos, mas ainda é essencial aprimorar o desempenho e a segurança antes do uso clínico”, alertam os autores do estudo.

Especialistas pedem cautela

Apesar dos avanços, especialistas destacam que o uso clínico ainda não é indicado. O nefrologista espanhol Alberto Ortiz, do Hospital Universitário La Paz (Madri), que comentou o estudo para o Science Media Centre, afirmou que os resultados não podem ser aplicados à população em geral.

“A pesquisa foi feita com pessoas que já estavam em acompanhamento psiquiátrico. Detectar riscos é diferente de tratar o sofrimento psíquico. A tecnologia pode ajudar, mas o vínculo humano e a escuta subjetiva do profissional continuam sendo fundamentais no processo terapêutico”, ponderou Ortiz.

Ainda assim, o estudo reforça que a inteligência artificial pode se tornar uma aliada importante na triagem de transtornos mentais, principalmente em locais com poucos recursos ou acesso limitado a serviços de saúde mental.