
Famílias ocupam prédio no Setor Oeste em Goiânia no 7 de Setembro e ação termina com prisão de lideranças
No feriado de 7 de Setembro, cerca de 20 famílias ocuparam um prédio na Rua R-38, no Setor Oeste de Goiânia, em ato batizado de Ocupação Pedro Nascimento. A mobilização integrou uma jornada nacional organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), que realizou ocupações simultâneas em 15 estados.
O objetivo era denunciar o déficit habitacional e exigir regularização fundiária para famílias que vivem sob ameaça de despejo, como as da Ocupação São Marcos, de onde vieram a maioria dos participantes. “Não há independência nem soberania sem direito à moradia”, afirmavam os manifestantes, ao questionar a comemoração da data cívica diante da falta de políticas habitacionais.
Confronto com a polícia
Por volta das 11h, a Polícia Militar realizou a desocupação. De acordo com os organizadores, a ação contou com tropas de choque, viaturas especializadas, caminhão do Corpo de Bombeiros e até helicóptero. Eles afirmam que não havia ordem judicial para a retirada e classificaram a operação como desproporcional diante de uma ocupação pacífica.
As lideranças que acompanhavam a negociação — Guilherme Darques (MLB), Gabryel Henrici (Unidade Popular) e Guilherme Martins (UP) — foram presas ao retornarem ao prédio. Dois foram liberados após assinar Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e o terceiro mediante fiança.
As famílias foram colocadas em um ônibus e levadas primeiro à Central de Flagrantes, segundo militantes, apenas como forma de intimidação. Depois, foram devolvidas à Ocupação São Marcos.
Solidariedade e homenagem
A mobilização contou com apoio de entidades estudantis, movimentos sociais e parlamentares, que pressionaram pela liberação dos detidos. “Essas famílias lutam pelo mínimo: dignidade, proteção e um teto para viver”, afirmaram apoiadores.
O nome da ocupação homenageia Pedro Nascimento, militante morto em 2005 durante a desocupação da Ocupação Sonho Real, no Parque Oeste Industrial. O episódio, que envolveu 3 mil famílias, ficou marcado pela violência policial.