Goiás tem nove áreas sob investigação em leilão de terras raras

A Agência Nacional de Mineração (ANM) investiga o leilão de 116 áreas destinadas à pesquisa de terras raras, das quais nove estão localizadas em Goiás. Todas foram arrematadas pela empresa 3D Minerals, um pequeno escritório com sede em Belo Horizonte (MG). A companhia não respondeu aos pedidos de esclarecimento da imprensa.

O presidente do Sindicato da Indústria da Mineração de Goiás e Distrito Federal (Minde), Luiz Antônio Vessani, afirmou que, até o momento, não vê irregularidades no processo. Segundo ele, os leilões seguem critérios rígidos e a participação de empresas depende do cumprimento de diversas exigências legais. Vessani reconhece, no entanto, a relevância estratégica do tema, já que minerais críticos como as terras raras têm alto valor tecnológico e militar, disputados por potências como Estados Unidos e China.

Em Goiás, o setor já se consolida como polo de destaque. A mina Serra Verde, em Minaçu, é a primeira fora da Ásia a produzir terras raras em escala comercial. Outro projeto promissor é o da Aclara Resources, que opera uma planta piloto com tecnologia própria. Para Vessani, o Brasil tem uma “oportunidade histórica de transformar seu potencial mineral em liderança tecnológica”, diferente de ciclos passados, como o do ouro, em que o país foi apenas espectador de sua riqueza.

Apesar do potencial, a ANM enfrenta sérias limitações: cortes de R$ 28,7 milhões no orçamento em 2025 e déficit de servidores, operando com apenas 30% do quadro previsto em lei. Isso compromete a fiscalização de cerca de 40 mil processos minerários em andamento. O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou uma auditoria para avaliar os impactos da falta de estrutura nas agências reguladoras.

Especialistas ressaltam que a fase atual é apenas de pesquisa, para dimensionar se as jazidas são viáveis economicamente. O licenciamento definitivo só ocorre após estudos detalhados e novas autorizações. Atualmente, há 33 empresas registradas no setor, mas apenas cinco com investimentos expressivos. Muitas dessas companhias são recém-criadas, mas contam com capital estrangeiro, inclusive chinês e norte-americano.