
Meta e OpenAI travam guerra por talentos de IA e esquentam mercado com bônus milionários
Acusações de “desonestidade” e migração de pesquisadores revelam bastidores tensos da corrida por inteligência artificial entre as gigantes de tecnologia
A rivalidade entre as gigantes da tecnologia Meta e OpenAI ganhou um novo capítulo nesta semana, com acusações públicas, migração de pesquisadores e denúncias de ofertas milionárias. Em meio à corrida pela liderança no desenvolvimento de inteligência artificial generativa, os bastidores do setor revelam uma disputa acirrada por talentos e um mercado de trabalho altamente aquecido.
Durante uma reunião geral da Meta na última quinta-feira (27), o diretor de tecnologia da empresa, Andrew Bosworth, reagiu a declarações do CEO da OpenAI, Sam Altman, que havia acusado a controladora do Facebook e Instagram de oferecer pacotes de até US$ 100 milhões para recrutar membros da equipe de pesquisadores da rival.
“Sam está sendo desonesto. Ele está sugerindo que isso acontece com todo mundo. O mercado está aquecido, mas não está tão quente assim”, declarou Bosworth, segundo o portal The Verge.
A declaração responde a uma fala de Altman no podcast Uncapped, onde afirmou que a Meta começou a “fazer ofertas gigantescas para muitas pessoas da nossa equipe”, com bônus de assinatura que superariam US$ 100 milhões. “Até agora, nenhum dos nossos melhores jogadores decidiu aceitar isso”, disse Altman na ocasião.
Migração de talentos
Apesar da negativa da Meta, pesquisadores da OpenAI começaram a anunciar sua migração para a empresa de Mark Zuckerberg. O cientista Lucas Beyer, junto com Alexander Kolesnikov e Xiaohua Zhai, confirmou nas redes sociais a nova posição, embora tenha negado valores exagerados. “Não recebemos bônus de 100 milhões. Isso é fake news”, escreveu Beyer.
Outro nome que deixou a OpenAI foi Trapit Bansal, um dos principais colaboradores do modelo “o1”, voltado para raciocínio em IA. A saída gerou incômodo entre executivos da startup, segundo fontes próximas ao time de liderança.
Corrida bilionária
Nos últimos dois anos, a Meta vem intensificando os investimentos em IA. Mark Zuckerberg anunciou a criação de um laboratório voltado para a chamada superinteligência artificial, além de um aporte de US$ 14,3 bilhões na empresa Scale AI, que fornece dados para o treinamento de modelos. A estratégia é enfrentar a OpenAI, que lidera com o ChatGPT e mantém parceria estratégica com a Microsoft.
“Sam é conhecido por exagerar, e neste caso, sei exatamente por que está fazendo isso: porque estamos conseguindo atrair talentos da OpenAI”, provocou Bosworth.
O clima de tensão entre as duas empresas revela o novo cenário competitivo da inteligência artificial, em que salários milionários, bônus agressivos e disputa por cérebros são apenas parte da engrenagem.
Efeitos no mercado global
A disputa não afeta apenas os bastidores do Vale do Silício. Segundo especialistas, a guerra por talentos de IA tende a concentrar profissionais em grandes corporações, reduzindo a presença de pesquisadores em startups, universidades e centros de inovação em países em desenvolvimento.
Ao mesmo tempo, cresce a preocupação de órgãos reguladores com a privacidade e a transparência dos modelos. A corrida pela liderança no setor é acompanhada de questionamentos éticos, jurídicos e sociais.
A OpenAI ainda não respondeu às declarações de Bosworth. A Meta, por sua vez, afirmou que continuará “buscando os melhores talentos para construir tecnologias que beneficiem toda a sociedade”.