
Lula critica Trump por ingerência e promete reação firme ao tarifaço dos EUA
Presidente discursa em congresso estudantil e condena sanções americanas e postura de ex-presidente norte-americano sobre Bolsonaro
Durante discurso no Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), realizado nesta quarta-feira (17) em Goiânia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e reagiu à imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. O evento reuniu milhares de jovens e lideranças estudantis de todo o país.
Lula acusou Trump de tentar interferir na política brasileira ao se posicionar contra as investigações que envolvem Jair Bolsonaro (PL). “Ele [Trump], de forma desrespeitosa, quer que a gente não mexa com o Bolsonaro. Como se o Brasil tivesse que pedir licença para alguém para fazer Justiça”, afirmou. O presidente reforçou que o Brasil “não aceitará ingerência estrangeira” sobre seu sistema democrático e seus processos judiciais.
No mesmo discurso, o petista recordou a tentativa de golpe de 8 de janeiro e mencionou que há generais de quatro estrelas presos por envolvimento na ação. “Eles estão presos porque tentaram dar um golpe, inclusive com insinuações de que era preciso matar o Lula, o Alexandre [de Moraes] e o vice. Essa gente vai ser julgada com base nos autos do processo”, disse.
Lula também declarou que Bolsonaro será responsabilizado judicialmente por sua atuação na pandemia da Covid-19. “Bolsonaro ainda vai ser processado pelas pessoas que morreram por conta da irresponsabilidade dele”, afirmou o presidente.
Críticas à atuação da família Bolsonaro nos EUA
O presidente ironizou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tem mantido interlocução com políticos norte-americanos. “Agora ele manda o filho dele para os Estados Unidos e fica abraçado na bandeira americana, esse patriota falso. Nós vamos tomar a bandeira verde e amarela de volta”, declarou, em tom de provocação.
Lula defendeu a soberania brasileira e disse que empresas digitais dos EUA que operam no país terão que respeitar a legislação e pagar impostos. “O dono do Brasil é o povo brasileiro”, finalizou.
Governo brasileiro reage oficialmente às tarifas
Na mesma semana, o governo brasileiro enviou uma nova carta oficial ao governo dos Estados Unidos expressando “indignação” com o tarifaço anunciado por Trump, que entra em vigor em 1º de agosto. O documento, assinado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, foi direcionado ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante comercial, Jamieson Greer.
“A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países”, diz a carta.
Congresso apoia o Executivo
Os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), se reuniram com Alckmin e a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) para articular uma resposta unificada. Ambos defenderam a soberania nacional e colocaram o Congresso à disposição do governo federal.
“Vejo nesse momento uma agressão ao Brasil e aos brasileiros. Temos que ter firmeza, resiliência e tratar com serenidade essa reação”, afirmou Alcolumbre.