Maioria dos brasileiros vê erro de Trump com tarifa contra o Brasil e aprova reação de Lula, aponta pesquisa

Levantamento mostra que 72% consideram equivocada a retaliação dos EUA após investigação contra Bolsonaro

Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (16) pelo Instituto Serpes revela que a maioria dos brasileiros considera um erro a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros como forma de retaliação à investigação contra Jair Bolsonaro (PL). O levantamento mostra que 72,4% dos entrevistados discordam da medida adotada pelos EUA, enquanto apenas 18,2% a apoiam.

Além disso, 63,7% dos entrevistados avaliam positivamente a reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diante da crise diplomática e comercial entre os dois países. Lula tem reforçado o discurso de soberania nacional e intensificado o apelo por justiça fiscal com a campanha para taxar os super-ricos — uma estratégia que parece ter repercutido bem entre a população.

Apoio se concentra no Sudeste e entre jovens

O apoio à posição de Lula é mais expressivo entre jovens de 16 a 24 anos (70,1%) e eleitores com ensino superior (68,3%), segmentos mais conectados com debates sobre justiça social e política internacional. A desaprovação à medida de Trump também é maior entre os moradores do Sudeste (75%) e entre mulheres (74%).

Segundo analistas, o “tarifaço” imposto pelos EUA teve efeito contrário ao esperado pelo ex-presidente Bolsonaro e seus aliados, ao mobilizar parte da população em defesa do governo atual, especialmente em temas como soberania nacional e proteção da economia brasileira.

Contexto da crise

A imposição da tarifa de 50% por parte do governo Trump ocorreu após o avanço das investigações do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado. Trump afirmou que o Brasil estaria perseguindo seu aliado político e que o comércio bilateral sofreria as consequências.

A resposta do governo brasileiro foi imediata: o presidente Lula repudiou a retaliação e declarou que o país não aceitará pressões externas que interfiram nas decisões judiciais. O Itamaraty também iniciou articulações para defender o Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Popularidade em alta

A pesquisa também indica uma leve melhora na popularidade do governo federal. A aprovação de Lula subiu de 40,5% para 43,2% nas últimas semanas, impulsionada justamente pela condução da crise com os EUA e pela defesa de medidas de justiça fiscal.

Cenário de tensão comercial

Economistas e representantes do setor produtivo seguem em alerta. A tarifa afeta diretamente as exportações brasileiras, especialmente de produtos agrícolas e da indústria de transformação. Estados como Goiás, Mato Grosso e Paraná podem ser os mais prejudicados, já que possuem forte dependência do mercado norte-americano.

Ainda assim, a reação da opinião pública mostra que, ao menos politicamente, a crise tem fortalecido a narrativa do governo Lula, que passa a associar sua postura com a defesa dos interesses nacionais frente a ataques externos.