Wilder Morais testa força política em festa com 8 mil pessoas e amplia rumores sobre candidatura ao governo de Goiás

A dois anos da eleição estadual, os bastidores da política em Goiás já se movimentam em ritmo de campanha. O senador Wilder Morais (PL), embora ainda não tenha oficializado uma pré-candidatura, deu um claro sinal de articulação política ao transformar sua festa de aniversário, realizada no último domingo (6/7), em um megaevento com ares de ato eleitoral. Mais de 8 mil pessoas estiveram presentes na fazenda do parlamentar, próxima a Nerópolis, incluindo prefeitos, deputados, vereadores e lideranças de todas as regiões do estado.

Historiadores e analistas apontam que o evento marca uma tentativa de romper com o isolamento político e se posicionar como um dos principais nomes para a sucessão do atual governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Para o historiador Tiago Zancopé, “ninguém organiza o maior parabéns da história de Goiás sem um objetivo político claro”.

PL quer candidatura própria

Nos bastidores do Partido Liberal, a intenção é clara: lançar candidatura própria ao Palácio das Esmeraldas em 2026, mesmo que isso represente o rompimento com Caiado. Wilder, que também preside o diretório estadual do PL, aparece como nome natural na disputa — sobretudo com o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem o partido depende diretamente para definições eleitorais no estado.

Zancopé relembra o episódio da eleição de 2022, quando o então pré-candidato ao Senado, Major Vitor Hugo, abriu mão da disputa para dar lugar ao deputado federal Gustavo Gayer (PL), após intervenção de Bolsonaro. “O comando político e estratégico do PL em Goiás ainda passa por Brasília. Se Bolsonaro disser sim, Wilder entra com tudo”, afirma o analista.

Apoios e incertezas

Apesar da força demonstrada, a candidatura de Wilder ainda enfrenta incertezas quanto a alianças partidárias. Segundo Zancopé, legendas como PRD, Republicanos e PSDB não demonstraram disposição para embarcar em uma possível candidatura isolada do PL. “Hoje, Wilder corre risco de voar sozinho”, avalia.

Ao mesmo tempo, Caiado tenta garantir a continuidade de seu projeto político por meio do vice-governador Daniel Vilela (MDB), que deve assumir o comando do Executivo em 2026 e buscar reeleição com apoio do atual grupo governista. Caiado já declarou publicamente que espera contar com o PL na aliança, mas Wilder ainda não sinalizou se aceitará a proposta.

Disputa entre nomes similares

A possível disputa entre Wilder e Daniel traria um duelo entre dois perfis políticos semelhantes: jovens, empresários, com carreira consolidada e apelo no interior do estado. Para Zancopé, isso pode dificultar uma diferenciação clara para o eleitorado. “Não são perfis antagônicos. A diferença terá que vir do discurso, das alianças e da capacidade de mobilização.”

Governo acelera obras e estrutura narrativa

Com a máquina nas mãos, Caiado aposta na visibilidade de grandes obras e entregas para consolidar o nome de Daniel Vilela como seu sucessor. “A percepção popular é fundamental. O cidadão vai se lembrar que agora tem estrada, hospital e ônibus novos. Isso pesa na hora do voto”, comenta o historiador.

Nesse cenário, a oposição enfrentará o desafio de convencer a população de que os avanços aconteceram apesar do governo e não por sua causa. “É uma narrativa muito mais difícil de sustentar”, diz Zancopé.

Articulação de longo prazo

Para o analista, o melhor caminho para o PL seria buscar uma composição ampla, pensando além de 2026. “Sentar à mesa com MDB, União Brasil, PP e PSD seria mais estratégico. Um acordo pensando em 2030 garantiria mais protagonismo político ao PL do que uma candidatura isolada agora”, sugere.

Enquanto isso, Wilder Morais segue fortalecendo sua base, acumulando apoios e expandindo sua visibilidade. Se vai encarar Daniel Vilela nas urnas, ainda não se sabe. Mas, no xadrez político goiano, a peça já está em movimento.