Nesta vila misteriosa, conhecida como uma cena retirada de um filme de apocalipse zumbi, os moradores falecidos da cidade montanhosa colombiana de San Bernardo mumificaram espontaneamente, sem a necessidade de fluido de embalsamamento. Eles permaneceram com suas roupas, cabelos e até mesmo olhos, muitas vezes, intactos.

“Quando as pessoas viram isso acontecer, estavam um pouco incrédulas sobre o que estava acontecendo”, disse Rocio Vergara, guia do Museu das Múmias do cemitério da cidade, à Agence France-Presse.

Os corpos petrificados, que datam de pessoas nascidas aproximadamente no século passado, foram exumados pela primeira vez na década de 1950 do cemitério da vila alpina, após o local ter sido realocado devido a uma inundação. O que começou como um incidente isolado logo se tornou mais comum. Na década de 1980, os moradores desenterravam até 50 corpos por ano.

Atualmente, cerca de uma dúzia dos espécimes mais bem preservados estão em exibição no Mausoléu de José Arquimedes Castro.

Alguns desses corpos parecem tão resistentes à decomposição que suas características mais perecíveis – como olhos, roupas e cabelos – permanecem notavelmente intactas.

“Minha mãe ainda tem o rostinho moreno, redondo, as tranças, os cabelos”, disse Clovisnerys Bejarano, 63, descrevendo sua mãe, Saturnina, que morreu há 30 anos e está em exposição na sociedade de preservação histórica. Saturnina está supostamente vestida com o mesmo vestido com o qual foi enterrada, segurando um cravo em suas mãos incrivelmente bem preservadas.

A razão para essas mumificações espontâneas permanece incerta. Alguns moradores acreditam que é uma recompensa pós-morte para aqueles que foram “bons demais” em vida, enquanto outros a veem como um “castigo” semelhante à condenação eterna. Alguns atribuem o fenômeno à dieta local de guatila e balu, duas frutas indígenas comuns na região. No entanto, essa explicação é questionável, uma vez que as roupas dos cadáveres também estão em perfeitas condições.

Alguns especialistas acreditam que as mumificações estão relacionadas ao local de sepultamento dos corpos em câmaras áridas acima do solo, que poderiam funcionar como um agente natural de embalsamamento. No entanto, ainda não há estudos conclusivos sobre as condições específicas que levam à mumificação.

Para Bejarano, não cabe às pessoas questionar esses fenômenos. “Se Deus quis preservá-la, deve ser por uma razão”, declarou ele.

Fonte: New York Post